A medida que os smartphones vão se popularizando entre os caminhoneiros, o agenciamento de cargas pela internet torna-se um negócio mais atrativo. Somente neste ano, pelo menos duas novas centrais de carga on line foram lançadas no País. Já são várias as opções no mercado. Há serviços pagos pelos caminhoneiros, outros pagos pelos contratantes de frete, e até mesmo aqueles que não cobram de nenhuma das partes.
A Sontra Cargo entrou no ar em março. E, segundo seu diretor de Vendas e Marketing, Bruno Torres, já conta com 13 mil caminhoneiros e 2.500 transportadoras ou embarcadores cadastrados. “Fizemos um trabalhado de pesquisa muito amplo antes de lançarmos nosso aplicativo. Nessa pesquisa, percebemos que é bem grande o número de caminhoneiros que usam smartphone”, afirma.
Na Sontra Cargo, o caminhoneiro paga uma taxa de agenciamento de R$ 50, caso o frete realmente seja realizado. “Depois de cadastrado no nosso sistema, o caminhoneiro entra no aplicativo e informa o CEP da região onde se localiza. Automaticamente, o sistema identifica o motorista e já sabe que tipo de caminhão ele tem e qual a carga que pode levar. E vai retornar com os fretes mais próximos do local onde ele está”, explica o diretor.
Segundo ele, para atender ao público que ainda não possui smartphone, a empresa está desenvolvendo um outro sistema, por meio de SMS. “Até o final do ano, esperamos chegar a 35 mil caminhoneiros e 15 mil contratantes”, informa.
Ex-presidente executivo do Grupo Mira e atual vice-presidente da Associação Brasileira do Transporte de Carga (ABTC), Carlos Alberto Mira fundou a TruckPad. Ele conta que trabalha no projeto desde 2012 e que a central está disponível para o público em geral desde janeiro deste ano.
“O funcionamento do nosso sistema é bem simples. O caminhoneiro baixa o aplicativo, que é gratuito. A partir daí, o sistema começa a acompanhá-lo no mapa”, conta. Anteriormente, o motorista já preencheu seu cadastrado, dizendo que tipo de caminhão e carroceria possui, entre outras informações. “Ele passa a receber ofertas de cargas no celular e negocia como quiser”, diz o diretor.
Mira ressalta que nenhuma das partes paga pelo serviço. “Nós seremos remunerados pelos nossos patrocinadores”, explica. De acordo com ele, as administradoras de cartões de pagamento de autônomo são prováveis parceiras. A TruckPad mantém uma sede física no Terminal Fernão Dias, em São Paulo, que faz uma espécie de auditoria nas cargas que passam pelo sistema. “Não é qualquer um que pode entrar e ofertar o serviço. Trabalhamos com empresas sérias e responsáveis”, avisa.
O diretor diz que mantém uma base de dados com cerca de 200 mil caminhoneiros. Ele calcula que 50 mil deles já têm smartphone. Cerca de 3.500 já baixaram o aplicativo e estão disponíveis para serem contratados. “Esses, a gente já pode ver no mapa, mas logo teremos muito mais que isso”, afirma.
Há seis anos no mercado, a Fretebras está crescendo muito devido à popularização dos smartphones. Joel João Bosco Matos Godin, um dos sócio da empresa sediada em Catalão (GO), diz que hoje um terço dos acessos feitos ao serviço são por meio de celulares. Mas, a projeção é que, já no próximo ano, a telefonia móvel responda por mais da metade dos acessos. Quem remunera a Fretebras é o contratante, que paga R$ 64 de mensalidade. “Hoje nos temos 1.800 embarcadores ativos, sendo que aproximadamente 300 estão no período de teste gratuito”, conta.
Gogin explica que, previamente cadastrado, o caminhoneiro informa sua localização pelo aplicativo e passa a receber as ofertas de frete. “Temos 30 mil motoristas cadastrados, sendo que 2 mil estão permanentemente disponíveis.” São 1.800 contratantes ativos. “Nós também temos outras receitas. Recebemos do Google e também de patrocinadores, como a Mercedes-Benz”, afirma. O empresário diz que seu negócio cresce numa taxa de 140% ao ano e que há muito espaço para crescer mais, tanto no número de caminhoneiros como de contratantes.
USUÁRIOS
O caminhoneiro de Magé (RJ) Antonio Fernando Severino utilizou os serviços da Sontra Cargo e aprovou. “Comprei uma carreta recentemente. Trabalhava como supervisor na área elétrica. Logo na primeira tentativa que fiz no site, eu consegui um frete”, conta. Com seu Mercedes 1630, ano 98, ele levou uma carga de produtos de limpez do Rio de Janeiro para Contagem (MG). “O sistema é muito fácil de usar”, garante ele, que tem smartphone.
Dono de quatro carretas, Adi Carlos Larini, de São Paulo, está usando a TruckPad. “Sabendo utilizar um smartphone ou um tablet, esse serviço é uma mão na roda. Enquanto estou falando com você, não para de chegar proposta de carga para mim”, afirma. Ele conta que os fretes já vêm bem especificados. “No meu caso, só chegam para carreta baú, três eixos, rastreada e o motorista com curso de Mopp”, diz o paulista. Também dono de uma agência de fretes no Rio de Janeiro, tocada pelo filho, ele afirma que está fazendo uma parceria com a TruckPad. “As cargas que a gente tem na agência a gente também coloca na central.”
Já a Transportes Franco, empresa com sede em Jaboticabal (SP), utiliza os serviços da Fretebras e da Sontra Cargo, entre outras centrais. “As centrais de fretes on line são interessantes para nós, pois divulgamos nossas cargas. E cada vez mais os motoristas estão sabendo como utilizar esta ferramenta tecnológica a seu favor”, afirma a responsável, Andréa Franco.